Uma Nova Escritora

17/01/2005 00:00

Jornal "A TRIBUNA" de Piracicaba 

 

Por muitas vezes tenho escrito e transmitido, a quem interessar possa, que Piracicaba, embora nada dela fale literariamente a grande imprensa escrita, radiofônica e televisiva do país - lamentável falha jornalística e informativa sem dúvida - é um santuário de literatura nacional, onde, semanal ou bisemanalmente, se edita um novo livro, em prosa ou em verso e onde os jornais diários e semanários publicam alentados artigos e editoriais, deliciosas crônicas, lindas poesias. Esse feliz e louvável hábito moderno dos piracicabanos parece resultar de uma santa inveja entre aqueles que manejam, muito bem ou quase bem, o idioma pátrio. É algo bom demais, porque o incentivo gera mais valores, mais prosa, mais poesia, mais ciência, mais religião, mais de tudo quanto diz respeito à cultura, à arte, à história da literatura noivacolinense.

O honroso título de Atenas Paulista - muito embora haja quem pense não o mereçamos ou já se tenha extinto - para mim que há 50 anos dedilho teclados de máquina e computadores para compor trabalhos jornalísticos e livros poéticos, ele permanece e continua vivo, como o demonstram os amiudados lançamentos de obras, envolvendo os mais variados e surpreendentes assuntos. Aliás é muito de surpreender mesmo um dos últimos eventos acontecidos entre nós, onde um escritor que abre asas ainda incompletas para o remígio literário, nos coloca à leitura e ao prazer dela, um livro tratando simplesmente do rio Piracicaba e suas correlações com a cidade a que empresta o nome.

Mas não é só. Nesse sentido ainda, muito me alegra cumprimentar e aplaudir a quiçá mais nova escritora destas plagas culturais: Simone Michi, que estréia nesse mundo de beleza e arte com RAZANIQUE E O LIVRO DE MAGIA, algo diferente em nosso mundo literário piracicabano, porque a autora se dirige ao leitor infantil, segundo ela mesma afirma, com belas e interessantes histórias próprias à idade estudantil, num âmbito diferente daquele a que estamos acostumados. Mas discordo dela, embora minha afilhada da Academia de Letras de Piracicaba, pois o livro de sua lavra é adequado a abranger também as cabeças adultas, de vez que o estilo é caprichado, sólido, correto, instrutivo, e muito bem servirá a preencher de belezas literárias não só das cabecinhas fantasiosas dos pequerruchos, mas também dos cérebros, já não mais tão sonhadores, dos marmanjos.

Ao percorrer o texto de RAZANIQUE E O LIVRO DE MAGIA convenci-me de que estamos diante de uma brilhante capacidade escritora, podendo ser ela, visto dedicar-se ao mundo da literatura infantil, êmula de Thales ou um Lobato piracicabano. E se é difícil contentar as cacholas infantis na arte da prosa e verso, a mim parece não existir ela nas mãos de Simone, porque sabe a novel escritora dosar adequadamente o seu estilo, de modo a torná-lo compreensível e agradável a qualquer leitor.

Parabéns, cara afilhada. Prossiga naquilo que tão brilhantemente iniciou, para alegria e incentivo cultural aos que botarem bons olhos sobre as linhas de sua autoria, porque são dignas, perfeitas e altamente artísticas. Seu padrinho de Academia sente-se honrado e feliz por contar entre os bons e nobres escritores de Piracicaba e decerto do país, com uma afilhada tão dedicada e competente à arte da escrita.

Lino Vitti

Escritor e Príncipe dos Poetas Piracicabanos